No Brasil, empresas familiares são predominantes e se mostram essenciais na geração de empregos. De diversos tamanhos e de diferentes níveis de maturidade, essas empresas costumam oferecer espaços interessantes de trabalho, especialmente para quem busca oportunidades de iniciar a carreira e de aprender sobre o funcionamento completo de uma organização.

Os fundadores das empresas familiares podem ser considerados visionários por sua iniciativa de iniciar seus negócios. Muitos deles têm o mérito de ter feito com que a empresa sobrevivesse e crescesse mesmo em épocas e cenários de grande adversidade. Assim, sob a supervisão de seus fundadores, empreendimentos se formam, vão amadurecendo e consolidando sua gestão ao longo do tempo. O único problema é que, normalmente, o início de um negócio não se dá pela gestão de pessoas e sim por seus produtos e serviços. Na fase inicial, é usual haver um forte olhar também para a parte financeira que é fundamental ao funcionamento de qualquer empresa.

Com o passar do tempo, pessoas são contratadas, demitidas e o fluxo natural de empregados que entram e saem vai acontecendo. Porém, especialmente quando é experimentado um crescimento maior, o choque de realidade é inevitável e questões ligadas à gestão de pessoas surgem naturalmente: Há um plano de carreira? A maneira como a remuneração é feita é a mais eficiente? As pessoas estão recebendo a qualificação adequada para exercer suas funções? Essas questões são exemplos de lacunas que se apresentam normalmente quando o mercado de trabalho está aquecido e há uma disputa maior por pessoas qualificadas entre empresas concorrentes. Nessas horas, é provável que o simples questionamento se configure em uma necessidade real, a de profissionalizar a gestão de pessoas.

É nesse cenário que o cuidado com as pessoas, que antes era feito de forma caseira, se configura em uma necessidade real de profissionalização. E, muitas vezes, a empresa familiar busca profissionais qualificados em gestão de pessoas para montar uma área de Recursos Humanos e para criar processos. Essa ação, apesar de essencial, costuma esbarrar em um importante entrave, a cultura organizacional.

A cultura se forma por meio dos comportamentos do fundador e, em muitas situações, por meio dos hábitos e valores de sua família. Uma vez que, em muitas dessas empresas, essa cultura se forma sem levar em conta a gestão adequada das pessoas, apesar da necessidade iminente de profissionalização dessa função, os valores e comportamentos habituais levam a uma resistência natural às novas ações empreendidas.

Apesar dos entraves, é importante lembrar que nunca é tarde para aprimorar a gestão de pessoas de uma empresa. Para vencer resistências e proporcionar a possibilidade de que a cultura organizacional acolha a profissionalização dessa gestão, é preciso que os fundadores e seus familiares assumam o compromisso de “patrocinar” as mudanças decorrentes dessa ação. É dessa forma que uma estrutura de RH poderá ser construída, proporcionando maior satisfação às pessoas, um melhor ambiente de trabalho e, principalmente, impulsionando a competitividade da empresa em seu mercado.

Disponível em: Site da CEPECAF

Imagem: cherrydeck | Unsplash.com

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