*Reprodução da matéria do UOL, para a qual concedi entrevista.

Desde o início da novela “Salve Jorge”, é nítida a inveja que Élcio (Murilo Rosa) sente de Théo (Rodrigo Lombardi), a quem considera o queridinho do Coronel Nunes (Oscar Magrini) e, portanto, favorecido no regimento. Para atingir o rival, já dopou o cavalo dele, colocando uma substância em sua ração antes de uma competição, e vive cercando Érica (Flávia Alessandra), ex-namorada do protagonista. O exagero nas situações é característico de enredos de novelas. Entretanto, as sabotagens e as intrigas fazem parte do dia a dia no mundo corporativo.

Segundo Elza Veloso, professora do Progep Programa de Estudos em Gestão de Pessoas da FIA (Fundação Instituto de Administração), de São Paulo, uma das principais atitudes dos sabotadores é se apropriar das realizações alheias. “Em um trabalho de equipe, eles sempre dão um jeito de passar a impressão de que tiveram as melhores ideias, de que tomaram as rédeas do projeto”, conta.

Outra ação comum é apontar as falhas dos colegas de um jeito displicente, como se fosse sem querer. “Um bom exemplo é perguntar, perto do chefe, por alguém que está atrasado e ainda não chegou. É uma maneira sutil de dizer que o colega não é pontual, mas ele, sim”, diz Paulo Sergio de Camargo, especialista em gerência e desenvolvimento de recursos humanos pelo Centro Universitário Franciscano do Paraná.

Para Ylana Miller, professora e especialista em gestão de carreiras da faculdade Ibmec, no Rio de Janeiro, a crítica direta ou indireta é a munição mais usada pelos sabotadores. “Quando está em grupo, o colaborador nocivo arruma uma oportunidade para falar mal de seu alvo, estando ele presente ou não. E, em vez de se concentrar apenas no âmbito profissional, ataca características pessoais do colega”, explica. Por exemplo: não basta dizer que o relatório precisa ser corrigido, o sabotador diz que o colega não domina a língua portuguesa; chama de exibido aquele que sempre dá sugestões e de avoado o funcionário que é mais calado.

Esses vilões do mundo corporativo costumam agir, principalmente, em momentos de disputa, quando alguém deixou a empresa (e, portanto, há uma vaga) ou em épocas de promoção e superação de metas. Em geral, tem um perfil bem comum: trata-se de alguém insatisfeito, que em vez de desenvolver as próprias habilidades prefere minar as do outro e tem um eterno sentimento de injustiça. Se julgam preteridos, enquanto outro desfruta do papel de queridinho. “Essas pessoas não acreditam em si mesmas”, diz Ylana.

Defenda-se

Partir para o confronto declarado, segundo os especialistas, nunca é uma boa solução. “O melhor é tentar manter uma distância segura, dentro do possível”, diz Elza. “Às vezes, o sabotador é alguém do seu círculo de amizades, que almoça ao seu lado todos os dias e que já sabe de várias coisas a seu respeito, mas você só se dá conta de que ele é nocivo ao ser prejudicado”, diz Paulo Sergio. Você não deve, entretanto, deixar que isso o impeça de assumir uma atitude mais reservada e de evitar assuntos pessoais ou falar de projetos profissionais na frente dele.

Na opinião de Elza Veloso, da FIA, o maior trunfo dos sabotadores é que, na maior parte dos casos, eles contam com uma rede de cúmplices, que compartilham da antipatia pelo mesmo colega, pensam de modo semelhante ou simplesmente são pessoas influenciáveis. “Para combatê-los, é preciso formar um grupo de aliados também, de preferência amigos que saibam da qualidade de seu trabalho e a reafirmem quando for necessário, inclusive perante o líder”, diz.

Por fim, ser honesto, dedicado e aprimorar-se na sua área sempre aumentam as suas chances de estabilidade e acensão profissionais. De acordo com os especialistas consultados por UOL Comportamento, não há blindagem mais eficiente aos boicotes do que o talento.

Imagem: Divulgação | Rede Globo

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