Antigamente, uma proposta para trabalhar no exterior costumava ser algo praticamente irrecusável. A experiência internacional era rara e os profissionais convidados a trabalhar fora do Brasil sabiam que esse tipo de chance não se repetiria com muita frequência. Algumas vezes, essa era uma oportunidade única.
Voltar de uma aventura profissional em outro país fazia com que a pessoa fosse reconhecida de uma forma especial não só no mercado de trabalho, mas também entre os amigos e família.
Porém, com o crescente aumento do acesso a viagens internacionais tanto para o turismo, quanto para o trabalho, algumas ilusões foram desfeitas. Todos os que tiveram oportunidade de viajar a trabalho sabem que é possível conseguir um grande desenvolvimento, mas conseguir essa oportunidade não é trivial ou nem sempre ela aparece nas melhores condições.
Nesse contexto, uma vaga no exterior para trabalhar em um cargo inferior ao atual pode ser um desafio. Mas, quando esse aparente retrocesso faz parte de um processo de expatriação consistente e planejado, ele pode resultar em uma transição que trará benefícios futuros e que pode gerar um salto importante na carreira.
A experiência internacional pode ser um importante diferencial não somente pelo lado profissional, mas também pela vivência em uma cultura diferente e pela capacidade de resiliência que se desenvolve.
Porém, antes de decidir se aceita ou recusa uma proposta como essa, é preciso fazer algumas ponderações:
Qual é a importância dessa experiência para a sua carreira?
É preciso que você posicione essa experiência internacional nos seus objetivos mais amplos de carreira para, assim, avaliar a real importância dessa proposta para a realização de seus sonhos de futuro profissional.
O país de destino é reconhecido em sua área de atuação?
É importante analisar o quanto o país no qual você irá trabalhar tem relevância no mercado global e o peso que ter trabalhado nesse país terá no seu futuro currículo.
Quais as condições da expatriação?
Com a variação das moedas entre os países, é preciso que você esteja atento(a) não só à parte financeira da remuneração, mas também o suporte que será oferecido para a consolidação dessa proposta.
Também devem ser analisados minuciosamente os diversos itens que compõem o custo de vida no país de destino, como os de moradia, educação, condições de lazer, entre outros.
Quais serão os acordos com sua família?
Morar em outro país é uma decisão que não impacta somente o profissional expatriado, mas também sua família. Então, você deve considerar a distância física de entes queridos e o possível deslocamento de familiares para o país de destino. A ponderação prévia dessa situação é essencial ao bem-estar psicológico do trabalhador. Essa decisão deve envolver uma sensível negociação com todas as pessoas atingidas pela nova situação.
Quais as condições de repatriação?
Ao considerar uma jornada internacional, é preciso avaliar as possibilidades de repatriação. Mesmo que os planos sejam de permanecer definitivamente no país de destino, como nunca temos certeza do futuro da nossa carreira, o possível retorno ao país de origem deve ser considerado. Nesse processo, preservar a network profissional já estabelecida, que sustente uma possível recolocação e futuras alianças, é algo essencial.
Por fim, além de analisar minuciosamente as respostas particulares a cada uma dessas perguntas, é preciso avaliar o domínio do novo idioma, fazer uma análise cultural do país de destino e, se possível, conversar com brasileiros que vivem ou viveram nesse país.
Se sua decisão for a de não aceitar a proposta, é importante imaginar seu futuro sem essa experiência e construir a convicção que envolve essa atitude. Caso sua decisão seja a de aceitá-la, é preciso negociar muito bem todas as condições da sua jornada internacional.
Se toda a avaliação proposta neste texto levar você a essa transição, sua nova experiência certamente será rica, gratificante e representará um grande impulso para a sua carreira.
Disponível em: Site da Revista InfoMoney
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