A carreira sem fronteiras é uma abordagem atual, que auxilia as pessoas na gestão da vida profissional e que é cada vez mais popular entre trabalhadores do mundo todo.

Quem tem uma certa idade lembra que, antigamente, o sonho era ter um bom plano de carreira e conseguir valorização ao longo dos anos dentro de uma empresa.

Hoje, o cenário é bem diferente.

A economia do conhecimento e a Era da Informação levam a novos formatos de relações de trabalho e a mentalidades diferentes no mundo profissional.

Esse é o contexto em que floresce a carreira sem fronteiras, que prevê que o trabalhador pode ter muito mais flexibilidade, autonomia e liberdade em sua vida profissional.

Para entender esse conceito, é importante lembrar que essas características, atualmente, deixaram de ser exclusividade de trabalhadores autônomos e prestadores independentes de serviço.

Mesmo aqueles que têm vínculo empregatício formal com somente uma empresa também já assimilaram esse novo modo de gerir a própria carreira.

Quer saber mais a respeito? Então, continue lendo.

O que significa carreira sem fronteiras?

Carreira sem fronteiras é um conceito no qual considera-se que a carreira pode ultrapassar a fronteira da organização.

Nessa visão, o profissional é protagonista da sua carreira, planejando e executando seu próprio desenvolvimento de forma independente da hierarquia organizacional .

Tem como principal característica a mobilidade e faz oposição aos planos de carreira tradicionais.

É importante lembrar que, quando falamos em planejamento de carreira, seja qual a visão, sempre estamos tratando de um desejo de progressão, que deve ser condizente com os anseios do trabalhador e não somente da empresa.

A pessoa pode até dar um passo para o lado ou para trás, mas sempre com o objetivo final de avançar, de se desenvolver e se tornar um profissional mais feliz.

O que acontece é que há diferentes maneiras de pensar e executar essa progressão, que mudam conforme acontecem as mudanças de gerações.

Há várias particularidades do momento atual do mercado e do comportamento dos trabalhadores de hoje que ajudam a explicar a aceitação da carreira sem fronteiras, mas isso será melhor explicado no tópico seguinte.

O que é importante sobre a carreira sem fronteiras é que ela confere mais autonomia ao trabalhador, que não busca se desenvolver na direção que a empresa espera que ele se desenvolva, mas sim segundo o que o motiva.

Desse modo, a pessoa pode escolher as atividades e competências que mais lhe interessam e criar as metas e estratégias de evolução que julgar mais adequadas.

Por um lado, é um modelo bem mais estimulante, sem dúvida.

Por outro, é bastante desafiador, pois envolve assumir a responsabilidade pelas escolhas.

Como a carreira sem fronteiras surgiu?

O termo carreira sem fronteiras surgiu em trabalhos dos autores Robert DeFillippi e Michael Arthur, em 1994.

Esse conceito foi formado a partir da tendência observada na carreira de profissionais do Vale do Silício.

Em vez da relação de emprego a longo prazo, lealdade e ascensão progressiva dentro da empresa, foi observada uma nova mentalidade e um novo comportamento profissional.

O que começava a prevalecer no meio das empresas de tecnologia era a simples troca da remuneração pelo desenvolvimento do trabalho para o qual a pessoa estava capacitada.

Para quem já nasceu nessa era, pode parecer difícil entender essa quebra nos padrões.

O fato é que a rotatividade nas companhias começou a ser bem maior do que tradicionalmente era e, hoje, todo empregador já se acostumou com esse fato.

Principalmente em empresas voltadas à inovação e tecnologia, atualmente, busca-se a retenção de talentos não através de um bom plano de carreira, mas sim proporcionando novos desafios e estimulando o desenvolvimento intelectual.

Especialmente nos últimos anos, novos ingredientes têm colaborado com a difusão da mentalidade da carreira sem fronteiras.

Além dos millennials (que compõem boa parte da força de trabalho de hoje) buscarem propósito em tudo, os empregos não são mais tão estáveis quanto já foram.

Com o avanço meteórico da tecnologia e da globalização, o mercado nunca foi tão volátil inclusive para os próprios empregadores.

Nesse contexto, a carreira sem fronteiras acaba sendo também um modo do trabalhador reagir a essa instabilidade.

Principais características da carreira sem fronteiras

A principal característica da carreira sem fronteiras é que o indivíduo passa a ser o responsável principal pela gestão do seu percurso profissional.

Outra característica é a mobilidade que vai além das fronteiras organizacionais, conceito tratado a seguir.

Por isso, se precisássemos citar as características principais do trabalhador sem fronteiras, poderíamos destacar a flexibilidade, agilidade e adaptabilidade.

Também cabe salientar que a carreira sem fronteiras exige que os profissionais reforcem suas redes de relacionamento (networks) no mercado em geral – não apenas na área específica em que atuam.

Afinal, esses relacionamentos são, na maioria das vezes, a porta de entrada para novas oportunidades profissionais.

Apesar disso, o principal motor para o desenvolvimento de uma pessoa não é somente a capacidade de se relacionar, mas sim sua capacidade e disposição para aprender.

Considerando que a velocidade das mudanças no mundo atual é extrema, ter gosto pela aprendizagem e buscar aprender constantemente de forma ágil são grandes diferenciais, já que, frequentemente, as necessidades do mercado se renovam rapidamente.

A evolução de um profissional, na visão da carreira sem fronteiras, deixa de estar atrelada a uma progressão entre as funções e níveis hierárquicos de determinada companhia.

E as decisões do trabalhador passam a ser motivadas pela busca de equilíbrio entre suas necessidades profissionais, pessoais e emocionais.

O que é uma “carreira proteana”?

Já que, no tópico anterior, mencionamos a capacidade e disposição para aprender e a flexibilidade como características necessárias para o profissional que adota a carreira sem fronteiras, vale a pena mencionar outro conceito: a carreira proteana.

Esse termo faz referência a Proteu, um dos deuses presentes na mitologia da Grécia Antiga.

Proteu tinha dons premonitórios, porém quando um humano se aproximava para consultá-lo, ele se transformava, adotando formas monstruosas para afugentá-lo.

Na carreira proteana, o trabalhador, como Proteu, precisa se transformar e aprender a redirecionar sua carreira sempre que precisar ou desejar.

Essa transformação ocorre de acordo com suas vontades, afinal, assim como na carreira sem fronteiras, é o próprio indivíduo que faz a gestão de sua vida profissional.

Mas é não só isso. Ela também muda segundo as alterações percebidas nas necessidades do mercado.

Aquele que estiver mais adaptado, ou seja, que desenvolver melhor essa capacidade de transformação, terá maior mobilidade profissional.

De forma geral, a carreira proteana é complementar ao conceito de carreira sem fronteiras. Pois a ideia de autonomia e de ir em busca de realizações é a mesma nesses dois conceitos.

Porém, a visão proteana de carreira tem o sucesso psicológico, focado no que a própria pessoa considera ser bem sucedido, como algo inerente às escolhas de carreira.

Na carreira proteana, assim como na carreira sem fronteiras, a autogestão da carreira já virou tão comum que não é mais um diferencial.

Nessas duas visões, são enfatizadas as necessidades de colaboração, adaptabilidade, multidisciplinaridade, capacidade de aprender, versatilidade, entre outros.

Como encontrar no trabalho o caminho para sua realização

Você já deve ter entendido que hoje não há mais tanta distinção entre o trabalho e a vida pessoal.

Antes, era comum que profissionais encarassem empregos tediosos com menos dilemas, pois sabiam que o trabalho era uma atividade necessária para a sua sobrevivência.

Atualmente, os trabalhadores têm disposição de buscar a realização pessoal no trabalho. Precisam encontrar prazer e satisfação no que fazem.

Só que, muitas vezes, eles sofrem com isso. Pois acabam colocando um peso enorme sobre sua carreira.

A seguir, são listadas algumas dicas para encontrar a realização na vida profissional.

1. Pratique o autoconhecimento

Desenvolva a inteligência emocional para saber reconhecer se determinadas emoções negativas estão relacionadas ao seu trabalho, à sua atividade profissional ou a algo que você precisa trabalhar melhor em si próprio.

2. Faça bem feito

Mesmo que você não tenha, atualmente, o trabalho dos sonhos, é importante que busque fazê-lo sempre com a máxima qualidade possível, pois o que está em jogo é a sua reputação.

Assim, esse passará a ser um hábito que vai permanecer nos futuros trabalhos e, com certeza, encurtará o caminho para sua realização profissional.

3. Desenvolva o prazer por aprender

É importante que o seu crescimento não seja focado apenas na habilidade que você precisa desenvolver, mas sim em todo o longo processo de aprendizado.

Quem alimenta essa mentalidade consegue aprender constantemente e de forma consistente.

4. Encare novos desafios

Você sente que sua carreira está estagnada e não está conseguindo uma oportunidade melhor?

Corra atrás de conhecimentos em outras áreas dentro da mesma empresa ou, então, pense em usar seus conhecimentos atuais para buscar oportunidades em outras organizações ou mesmo para empreender.

5. Desenvolva a mobilidade

Procure ser um profissional multifacetado e amplie seu universo de possibilidades.

Entenda como fazer isso nos tópicos seguintes.

O que é mobilidade profissional?

Mobilidade profissional é a capacidade de um trabalhador de promover mudanças em sua carreira.

O profissional que tem mobilidade está preparado para os múltiplos cenários que podem surgir, como uma demissão, uma grande mudança na área onde trabalha – por conta de uma tecnologia disruptiva – ou até grandes oportunidades que aparecem.

Mobilidade é a capacidade de transitar, de se mover, e esse movimento é muito maior do que a simples troca de emprego, da empresa X para a empresa Y.

Também tem a ver com o movimento entre diferentes áreas, segmentos, especializações e também modelos de trabalho.

Por exemplo, alguém que tem um trabalho fixo, mas também possui um CNPJ que o permite realizar trabalhos autônomos, tem maior mobilidade que um trabalhador que tem apenas seu emprego regular.

É comum que pessoas com grande mobilidade profissional tenham mais de uma fonte de renda.

Hoje, as relações de trabalho estão mais flexíveis.

A maioria dos empregadores entende essa nova realidade, não exige dedicação exclusiva e tem certa disposição para firmar acordos que facilitam a mobilidade.

Esse conceito tem tudo a ver com a carreira sem fronteiras e carreira proteana porque, cabe lembrar, são modelos em que é comum o profissional ser contratado para realizar determinada função em determinadas condições.

E não apenas para cumprir um certo número de horas por semana.

A remuneração é mais compatível ao que o trabalhador entrega, e não ao tempo que ele dedica para isso.

Um modelo que dá muito mais autonomia a ele, característica fundamental da carreira sem fronteiras.

Dentro dessa realidade, tem crescido muito o trabalho do tipo home-office, em que o profissional pode trabalhar na sua casa (ou em qualquer lugar que tenha computador e internet).

O que acaba por se traduzir também em mobilidade física, ou seja, a eliminação das barreiras geográficas para exercer seu trabalho.

Como ter mobilidade profissional?

O primeiro passo você já está dando ao ler este texto, que é buscar informações para entender as necessidades do mercado.

Sobre isso, sugerimos ainda a leitura do artigo sobre novas profissões e outro sobre profissões que estarão em alta nos próximos anos.

A partir daí, procure se desenvolver para ser um profissional valorizado, de acordo com a realidade que observou.

E entenda que o mercado seguirá se transformando, portanto, procure desenvolver o gosto por aprender e a capacidade de buscar conhecimentos de forma ágil e eficiente.

Com essas dicas, você se torna um profissional mais dinâmico e interessante para o mercado, ampliando suas possibilidades de movimentação.

A partir daí, procure manter um bom relacionamento com todos: colegas, superiores, amigos e profissionais de outras áreas e empresas. É a construção da sua netowrk que está em jogo.

Se você tem um emprego fixo, o mais importante é conquistar a confiança de seus gestores e manter um diálogo sobre as possibilidades de mobilidade. Mas, principalmente, é importante buscar constantemente avaliar seu valor no mercado de trabalho.

Caso consiga atrelar sua remuneração a o que você produz, e não à quantidade de horas que se faz presente na empresa, você já estará no caminho de um trabalho menos dependente do ambiente organizacional.

Agora, falta executar: procure de todas as maneiras se tornar mais produtivo e considere a possibilidade de trabalhar em espaços diversos, se essa for uma possibilidade.

Assim, você pode flexibilizar sua agenda e olhar para outras oportunidades e também desenvolver novas competência que ampliem sua mobilidade profissional.

Seja qual for seu modelo atual de trabalho, ter um CNPJ pode abrir novas possibilidades – você pode registrar-se como microempreendedor individual (MEI) -, gerando novas possibilidades de ser um prestador de serviço

Conclusão

O significado de realização profissional muda conforme vão passando as gerações.

Se, antigamente, ficar décadas na mesma empresa era sinal de estabilidade, uma grande virtude, hoje, é uma realidade evitada pelos millennials.

Em vez de estabilidade, seu objetivo profissional principal é a realização, é fazer algo que os faça feliz e que tenha um propósito.

A questão é que esse algo muda bastante, o que significa que essa busca é contínua, não termina nunca.

É por isso que a mobilidade profissional é um conceito tão importante nos modelos de carreira sem fronteiras e carreira proteana.

Ele pode se manifestar em uma grande transição de carreira ou simplesmente na capacidade de trabalhar em várias frentes ao mesmo tempo, encarando constantemente novos desafios.

Seja qual for o modelo de gestão de carreira escolhido, uma coisa é certa: essa sede de aprendizado é uma necessidade para encarar o mercado de trabalho na Era da Informação, em que tudo se renova com extrema velocidade.

Disponível em: Blog da FIA

Imagem: brookecagle | Unsplash.com

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