A época da maternidade, normalmente, envolve dilemas e conflitos associados à carreira. O livro The Opt out Revolt, publicado em 2006 por Lisa Mainiero e Sherry Sullivan, relatou a revolta contra ambientes de trabalho, que teve seu início com mulheres altamente escolarizadas que decidiram abdicar da carreira executiva, principalmente, na época da
maternidade.
Parte do conflito que as mulheres enfrentam nessa época está associada à necessidade de conciliação dos cuidados com os filhos com as demandas organizacionais.
Para as que não enxergam a possibilidade de conciliar o papel de mãe com o de profissional, seja por falta de suporte prático, seja por questões emocionais, resta a opção de promover uma pausa na carreira, ou, na linguagem do citado livro, promover um tipo de opt out chamado off ramp.
O grande problema dessas pausas está na angústia envolvida na expectativa do retorno ao mercado de trabalho quando os filhos crescerem. A sensação de não ter desenvolvido, durante o período de afastamento do mundo corporativo, competências valorizadas pelas empresas pode gerar danos à autoimagem que, certamente, se refletirão nos processos seletivos futuros.
Essa angústia vivida pelas mulheres é legitima à medida em que boa parte das empresas ainda tem dificuldade de valorizar competências que não sejam óbvias e documentadas por experiências profissionais anteriores. Nesse caso, um longo período de afastamento pode parecer algo desastroso.
Por outro lado, considerando que a carreira é composta pela evolução da pessoa em papeis diversos, é possível considerar a maternidade e o cuidado com os filhos uma oportunidade para desenvolver habilidades importantes para as empresas, como flexibilidade, adaptabilidade, trabalho em equipe, entre outras.
O texto de Marcelle Yager, publicado no US News em 03 de setembro de 2015, aponta formas de mostrar essas habilidades às empresas na época de buscar um novo emprego após pausas como a da maternidade. Resta apenas saber se, em um futuro próximo, os processos seletivos serão mais receptivos a essas profissionais e à promoção de novas formas de avaliar suas competências, desenvolvidas em um momento não linear de suas carreiras.
Disponível em: Blog do Prof. Dr. Leonardo Trevisan
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