Já foi o tempo em que a aposentadoria era sinônimo de “parar de trabalhar”. Atualmente, a época de se aposentar precisa de planejamento, que envolve, entre outras necessidades, a de reflexão sobre o futuro da carreira.
Algumas empresas investem em programas para preparar seus empregados para a aposentadoria, porém, essa prática ainda não é comum entre as organizações que atuam no mercado brasileiro. Ilustra essa afirmação o fato de que, entre as 150 empresas que figuram anualmente entre as “Melhores Empresas para Você Trabalhar”, no Guia publicado pela Editora Abril, menos de 40% declararam nos últimos anos a adoção esse tipo de programa.
Paralelamente, somente 19,7% de um grupo de 184 profissionais da área de gestão de pessoas apontou a preparação para a aposentadoria e terceira carreira como uma “tendência muito relevante” entre as políticas e práticas gerenciais nas empresas até o ano de 2015. O resumo do artigo acadêmico que apresenta os resultados dessa pesquisa pode ser encontrado neste link.
Dessa forma, a realidade mostra que o planejamento da aposentadoria depende (e continuará dependendo) quase que exclusivamente do próprio trabalhador e de sua família. Pensar no futuro é um dos desafios que deve incluir, entre outros cuidados, as possibilidades de trabalho pósaposentadoria.
Este link, da CBS News, entre outras dicas para concretizar a aposentadoria, estimula a reflexão sobre como continuar trabalhando.
No Brasil, os dados do Censo do IBGE, que são destacados na matéria do Estadão que está neste link, apontam o fato de que o percentual de pessoas com mais de 60 anos que continuam no mercado de trabalho aumentou 65% nos
últimos anos. Os 3,3 milhões de profissionais nessa condição apurados no levantamento do ano 2000, saltaram para 5,4 milhões em 2010.
Do lado do trabalhador, segundo a interpretação apresentada na matéria, os motivos para não parar de trabalhar estão na necessidade de complementar a renda e em encontrar satisfação pessoal. Por outro lado, é clara a demanda do mercado por pessoas mais experientes. A subvalorização desse grupo de profissionais, promovida recentemente, gerava graves perdas de conhecimento às organizações. Neste link, há uma frase atribuída ao raciocínio de um profissional de Recursos Humanos, que ilustra a reversão dessa tendência: “as empresas priorizam a experiência e comprometimento dos mais velhos”.
Essa tendência de absorção e de valorização dos mais velhos pode estar ligada ao aquecimento do mercado de trabalho, com queda do desemprego e elevação da concorrência por trabalhadores qualificados. Mesmo assim, parece que, paralelamente, as empresas vêm notando que experiência e conhecimento não se desenvolvem no curto prazo e que o descarte de quem desenvolveu essas qualidades ao longo do tempo pode significar falha de gestão, com resultados difíceis de calcular.
Disponível em: Blog do Prof. Dr. Leonardo Trevisan
Imagem: ageing_better | Unsplash.com