A imagem da carreira do professor universitário, assim como a da maioria das carreiras, é cercada por fantasias e por certas distorções. No Brasil, algumas pessoas, quando ouvem a palavra “professor”, a relacionam com baixos salários, péssimas condições de trabalho e poucas perspectivas de crescimento. Outros, quando assimilam a palavra “universitário”, enxergam essa carreira de outra forma, imaginando que o sujeito que abraça essa profissão trabalha por meio período, descansa na outra parte do dia, tem muita autonomia, férias duas vezes por ano e recebe bons salários.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: a carreira do professor universitário exige alto investimento em qualificação. Esse investimento, normalmente, demanda tempo e dinheiro.

A maioria dos profissionais de mercado, quando busca uma pós-graduação lato sensu e pergunta qual é o prazo de conclusão, espera ouvir da instituição a informação de que é possível concluir o curso no menor tempo possível. Normalmente esse profissional não coloca na conta o tempo que vai levar para construir sua monografia e o investimento intelectual que tal atividade requer. Já os professores, ou os aspirantes à carreira docente, quando buscam sua pós-graduação stricto sensu, esperam que o prazo de conclusão seja largo o suficiente para construir sua dissertação ou tese com qualidade. Ou seja, estudar é uma necessidade do professor e matéria-prima para sua vida profissional.

O lado bom é que a autonomia que esse tipo de carreira proporciona permite que a pessoa promova certos arranjos interessantes para sua vida profissional e pessoal, que envolvem a composição do salário e tempo diário de dedicação ao trabalho. Por outro lado, neste link, há uma boa explicação do porque a vida do professor universitário, não só no Brasil, “não é nenhum piquenique”.

Além dos longos anos de investimentos em estudos e da carga horária normalmente excessiva, um professor universitário com dedicação integral, além do tempo à sala de aula, deve aconselhar alunos, publicar continuamente pesquisas originais em revistas científicas, trabalhar em comissões, participar de congressos, executar serviços administrativos, coordenar cursos, etc.

Algumas frustrações da carreira vêm da própria natureza da profissão, como os problemas de formação básica dos alunos, que não respondem na velocidade esperada aos estímulos propostos; o dilema entre coordenar e ensinar; a falta de estrutura das Universidades, entre outros.

No Brasil, as perspectivas para esse tipo de carreira ganham atenção em termos de investimento governamental. ). Conforme divulgado neste link, de 29 de janeiro de 2012, da Folha de São Paulo, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) estabelece metas de crescimento de pouco mais de 15% a cada três anos no número de cursos de pós-graduação. O número de bolsas de mestrado e doutorado também deve crescer.

Cada carreira tem seus dilemas e paradoxos. Todas elas requerem investimentos de diferentes naturezas. Não seria diferente com a carreira do professor universitário. Apesar dos problemas enfrentados nessa profissão, ela se constitui em uma boa alternativa no Brasil atual, tanto como carreira principal, como para os que buscam uma carreira paralela.

Disponível em: Blog do Prof. Dr. Leonardo Trevisan

Imagem: neonbrand | Unsplash.com

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