Em uma visão atual, o que importa para o mundo corporativo é a idade da carreira e não a idade da pessoa. Então, no momento de contratar ou de promover, as experiências profissionais e pessoais mais relevantes deveriam ter prioridade. Porém, o que se vê, atualmente, é a existência de crenças quanto à idade das pessoas que seriam mais
adequadas a cada situação ou mesmo a cada empresa.
A visão de que os jovens são imaturos e inconstantes ou de que os mais velhos são desatualizados permeia essas crenças e, muitas vezes, faz com que profissionais experientes sejam descartados apenas por sua idade.
De fato, a carreira perdeu a linearidade em termos de hierarquia. Pessoas jovens, muitas vezes, têm experiências mais valiosas do que os mais velhos para determinados momentos e demandas empresariais. Por outro lado, o fato de um jovem assumir um cargo de liderança de uma equipe com subordinados mais velhos não significa que o respeito à geração anterior deva ceder lugar à arrogância.
O texto de Joanne Kaufman, do New York Times, reproduzido no Estadão, menciona uma executiva com 30 anos de experiência, que ocupava um cargo de vice-presidente de uma associação sem fins lucrativos. Ela teve seu chefe, o diretor-presidente, substituído por um jovem com 36 anos de idade. A partir daí, passou a receber textos e e-mails a qualquer hora do dia ou da noite e a sentir que sua ampla vivência profissional pouco importava. O que chama a atenção no seu depoimento é que ela chegou a se perguntar, quanto ao novo chefe: “que tipo de relação ele teria com sua mãe”.
Nessas situações, também pode acontecer de subordinados mais velhos simplesmente não aceitarem o jovem chefe por sentir que ele, simplesmente, não deveria estar naquela posição. Esse mesmo texto do N Y Times traz uma pesquisa apontando que, já em 2014, 38% dos trabalhadores americanos tinham um chefe mais jovem do que eles. O conflito geracional fica evidente em algumas passagens do texto: quando o chefe ouve algo como “no meu tempo”, logo pensa “seu tempo está errado”. E enquanto trabalhadores mais velhos são levados a pensar que seus chefes acham que eles são dinossauros, de fato, seus chefes têm certeza disso.
Nesse contexto, cabe às empresas, além de promover ações voltadas à melhor convivência entre as diferentes gerações, buscar o amadurecimento de seus processos de escolha de pessoas. É preciso, então, entender que a idade da pessoa nem sempre reflete a idade da carreira que, além da quantidade de experiências profissionais e da formação educacional, inclui a maturidade proveniente da experiência de vida.
Disponível em: Blog do Prof. Dr. Leonardo Trevisan
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